O documento, concluído no último dia 3, confirma que foram incluídas notas dadas durante entrevista dos candidatos -o edital do concurso previa a realização da entrevista, mas não a inclusão nem validade das notas.
Essas notas, segundo reportagem da Folha do final de 2009, eram uma senha para favorecer alguns candidatos ligados a funcionários do IC. Os nomes de três deles foram registrados pela Folha em cartório oito dias antes de o "Diário Oficial" divulgar a lista de aprovados.
Pelo esquema, um "A+" significava ser um amigo ou parente. Um "C" era a senha para pessoal "sem perfil".
O relatório da Corregedoria informa que 95% dos candidatos que receberam nota "A+" nas entrevistas foram aprovados. E só 5% dos que tiveram "C" passaram.
A Corregedoria aponta ainda que Perioli afirmou, em depoimento, ter participado de 25% das entrevistas.
Pelo edital, a segunda fase do concurso consistia na entrevista e nas provas orais. Mas o resultado final deveria ter como base apenas as notas obtidas na prova oral.
Rasuras
O relatório da Corregedoria concluiu ainda que havia "rasuras" nas notas da prova oral de alguns candidatos e recomenda o cancelamento dessa fase do concurso, "para se garantir a necessária transparência ao certame".
No último dia 17, reportagem da Folha informou que a Corregedoria confirmou que houve fraude no concurso público "e que as irregularidades tiveram participação de Perioli.".
No dia seguinte, a Corregedoria enviou carta à Folha dizendo que, no relatório, não consta "tal assertiva da reportagem ligando o superintendente da Polícia Técnico Científica a fraude no concurso, visto que foram consignadas apenas as sinopses dos depoimentos colhidos, que serão objeto de apreciação pelo Poder Judiciário e Ministério Público".
A reportagem do dia 17 informou ainda que a Corregedoria não indiciou ninguém e que mandou a documentação ao Ministério Público.
O concurso para fotógrafo do IC teve 17,6 mil inscritos, sendo que 343 deles foram submetidos à entrevista. Após a reportagem da Folha, o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, anulou a segunda fase do concurso.
Folha de São Paulo